O Arco de Constantino é um dos monumentos mais emblemáticos de Roma, celebrando a vitória do imperador Constantino na Batalha da Ponte Mílvia em 312 d.C.
Constantino e a Batalha da Ponte Mílvia
Constantino, o Grande, nasceu em 272 d.C. em Naísso, na província romana da Mésia (atual Niš, na Sérvia). Filho do imperador Constâncio Cloro e de Helena, ele ascendeu ao poder após a morte de seu pai em 306 d.C., quando foi proclamado imperador pelo exército na Britânia. Esse período era marcado por grande instabilidade política, com vários candidatos disputando o controle do Império Romano.
Maxêncio, um dos rivais de Constantino, controlava Roma e a Itália, e em 306 d.C. se proclamou imperador. A rivalidade entre Constantino e Maxêncio culminou na Batalha da Ponte Mílvia, um confronto decisivo que ocorreu em 28 de outubro de 312 d.C. A Ponte Mílvia, localizada sobre o rio Tibre, ao norte de Roma, foi escolhida por Maxêncio como local da batalha, confiando na sua posição defensiva e na superioridade numérica de seu exército.
Durante a batalha, as forças de Constantino, apesar de serem numericamente inferiores, conseguiram uma vitória decisiva sobre Maxêncio. Maxêncio foi derrotado e morto enquanto tentava recuar, afogando-se no rio Tibre. Constantino entrou triunfalmente em Roma, sendo aclamado como salvador da cidade e do império. Essa vitória consolidou seu controle sobre o Império Romano Ocidental.
Comemoração e Construção
Para celebrar essa vitória monumental, o Senado Romano decidiu homenagear Constantino com a construção de um arco triunfal. A construção do Arco de Constantino começou logo após sua vitória em 312 d.C. e foi concluída em 315 d.C.
Estrutura e Design
Foi construído com mármore e travertino para suas partes decorativas e estruturais, respectivamente, e tijolos e concreto para o núcleo estrutural. Uma característica notável do Arco de Constantino é a reutilização de elementos arquitetônicos e escultóricos de monumentos anteriores, prática conhecida como spolia. Este reaproveitamento inclui relevos e esculturas dos períodos dos imperadores Trajano, Adriano e Marco Aurélio, incorporados ao arco de Constantino.
O monumento é tri-arqueado e possui três passagens: uma central maior e duas laterais menores. Mede cerca de 21 metros de altura, 25 metros de largura e 7 metros de profundidade.
Inscrições e Relevos
Inscrição principal:
IMP · CAES · FL · CONSTANTINO · MAXIMO · P · F · AVGVSTO · S · P · Q · R · QVOD · INSTINCTV · DIVINITATIS · MENTIS · MAGNITVDINE · CVM · EXERCITV · SVO · TAM · DE · TYRANNO · QVAM · DE · OMNI · EIVS · FACTIONE · VNO · TEMPORE · IVSTIS · REM · PVBLICAM · VLTVS · EST · ARMIS · ARCVM · TRIVMPHIS · INSIGNEM · DICAVIT
Ao imperador César Flávio Constantino Máximo, Pio, Félix, Augusto, ao Senado e ao povo romano, desde que por inspiração da divindade e pela grandeza de seu espírito com seu exército vingou imediatamente o estado de um tirano e de toda a sua facção com armas justas, dedicou este distinto arco aos triunfos.
A inscrição no Arco de Constantino que menciona “instinctu divinitatis” (por inspiração divina) tem sido objeto de debates e controvérsias devido ao seu significado ambíguo e às suas implicações para a posição de Constantino em relação à religião cristã.
A frase “instinctu divinitatis” pode ser interpretada de várias maneiras, dependendo do contexto religioso e político da época. Em um sentido mais geral, pode simplesmente sugerir que a vitória de Constantino na Batalha da Ponte Mílvia foi guiada por uma força divina, sem especificar qual divindade estava envolvida. Isso permitiria uma interpretação ampla que poderia incluir deuses pagãos tradicionais ou a nova fé cristã que Constantino começava a adotar.
A inscrição “LIBERATORI · VRBIS” significa “Libertador da Cidade”. Esta inscrição celebra Constantino como o libertador de Roma, destacando sua vitória sobre Maxêncio na Batalha da Ponte Mílvia.
A inscrição “FVNDATORI · QVIETIS” pode ser traduzida como “Fundador da Paz”. Esta frase celebra Constantino como o fundador de uma nova era de paz e estabilidade no Império Romano.
As inscrições “VOTIS X” e “VOTIS XX” referem-se às celebrações dos decenália e vicenália, que são os aniversários de dez e vinte anos de reinado, respectivamente. Essas inscrições estão localizadas acima dos arcos laterais na fachada norte do arco.
Relevos
No topo do Arco de Constantino, há uma grande inscrição no centro dos lados mais longos. Ao lado dessa inscrição, há relevos da época do imperador Marco Aurélio. Nos lados mais curtos do arco, há lajes decorativas de um friso do tempo do imperador Trajano.
Abaixo dessa seção superior, alinhadas com as colunas, estão esculturas redondas de guerreiros Dácios, feitas de mármore Pavonazzetto, também da época de Trajano.
No nível inferior do Arco de Constantino, nas laterais principais, acima dos dois arcos menores, há pares de medalhões da época do imperador Adriano. Originalmente, esses medalhões eram cercados por lajes de pórfiro. Nos lados mais curtos do arco, no mesmo nível, há dois medalhões adicionais que foram feitos durante a era de Constantino, completando a série dos medalhões adrianos.
Abaixo dos medalhões, há um longo friso em baixo-relevo, esculpido durante a época de Constantino, que se estende tanto pelos lados longos quanto pelos lados curtos do arco.
Outros baixos-relevos encontram-se acima dos arcos, representando figuras de Vitórias e Rios, além de estarem presentes nos pedestais das colunas.
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